Olá, Pessoal, seja bem-vindo a este espaço de Poesia !

Nossa homenagem este ano de 2014 será para ARIANO SUASSUNA, autor de " O Auto da Compadecida", e que faleceu no mês de julho de 2014.


A Leitora, de Frogonard / La Lectrice

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Poemas do IV Concurso Literário de 2010

Construindo um Poema (1º Lugar)

Neste instante fico sentada
Pensando no poema
Que vou escrever.
São tantos barulhos
Que escuto agora
Que o raciocínio
Me foge nesta hora
E logo vou lhes compreender.

A chuva está no fim
Mas os últimos pingos
Parecem uma tempestade.
E meus tímpanos
Este gotejar invade.

Tina, a cachorra, late sem parar
A chuva deve lhe incomodar
Quer correr pelo quintal
Brincar sem descansar
E uma alma caridosa não surge
Para a atenção lhe chamar.

Uma motoca de adolescentes
Velha e toda “estourada”
Rasga pelo asfalto
Pra todo lado espalhando água.

Uma versão de funk em forró
Começo também a escutar
Meu irmão ligou o som
E não fica sem dedilhar
Tentando o ritmo imitar
E começo mais uma vez
A me desconcentrar.

Os meus pais e meu outro irmão
Conversam sem parar
E mesmo com a porta fechada
O que passa na televisão
Escuto-lhes comentar.

E tudo que escuto
Começo a escrever
E aquele bicho de sete cabeças
No papel logo surgirá
Demorou um tempão
Mas nunca mais demorará
Se for escrito com o coração.


Aluna: Haynara Leal Brandão
E.E.Prof. Plínio Ribeiro
30/09/2010.


Viajar ...Viajar...(2º Lugar)

Vou viajar ...
Não de ônibus, nem de avião
Vou para lugares distantes
Vou para os mundos do livro,
Mundos da ilusão...

O livro que vou abrir
É o passaporte da imaginação
E se você também quiser ir
Basta abrir seu coração...

O livro é um caminho aberto
Quem gosta de ler
Nele entra
Porque
Deve ser muito esperto

Quando se lê um livro
Tendo imaginação
Tudo que vê é representação
Feche os olhos que vai aparecer

Sou Harrison Leal
Estudo no 9º “D”
Sou da Escola Normal
Quem quiser me conhecer
Poderá lá aparecer.

Aluno: Harrisson Leal
E. E. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)


A vida passa...(3º Lugar)

Você os viu chegando?
Eles chegaram tão rápido
O tempo vem passando...
Seu 15º aniversário.

Elas chegaram depressa
Não me pediram permissão
Hoje não há nada para me dispersar
Nem chamar minha atenção

É difícil lhe deixar seguir
Sim, é difícil até imaginar
Eles parecem persistir
Você terá de aceitar

O anel pesa no dedo
Ele me deixa a pensar
Hora de deixar de lado os brinquedos
Crescer e logo mudar

Me mude, tempo, me mude
Mas deixe a menina sobreviver
Saiba que mais que eu resista
Vou permanecer.

Aluna: Aretha Magno Ramos Melo Gonzaga
E. E. Professor Alcides de Carvalho
(30/09/2010)




BIOTEMAS

Biotemas é:
Arte
Vida
Conhecimento
Uma inclusão
Ao Ensino Superior...
Experimente !

Aluna: Ana Lorena
E.E.Prof. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)


PIANO

Lá em cima
Do Piano
Tinha um copo
De veneno.
Quem bebeu
Morreu.
E o culpado
Não fui eu !...

Aluna: Margarete Solineusa
E.E. Prof. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)



O azul dos olhos teus


O azul dos olhos do meu gato
É um barato.
Às vezes eu me lembro
Do azul do mar,
Que vem sorrindo...
E ameaça...
E derrama...
Conforme a hora da luz,
O olho azul é diferente:
Azul- turquesa...
Azul-marinho...
Azul-beleza...
Azul-gatinho...
O azul dos olhos do meu gato
É um barato!

Aluno: Mascarado
E. E. Prof. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)


O sol

O sol da manhã
Tão belo: relusente...
O sol da tarde
Tão forte: ardente...

Seu sorriso para mim
É como o sol da manhã...
Seus olhos para mim
É como as estrelas...

Seu amor para mim
É como um eclipse...
Depois do sol forte e relusente...

Aluna: Elise Emanuelle
E. E. Prof. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)




Recado


Quem disse que sou linda ?
Sou apenas uma gatinha encantadora
Que está à busca de um príncipe
Para encantar a minha vida.

Mas a gatinha de que
Estou falando
É uma gatinha especial
E o príncipe pra eu encontrar
É Deus... o grande amor meu !

A vida para mimé uma arte
E nós, humanos fazemos parte
Desse mundo,
Porque estamos
Ainda
Gratos com isso.

Aluna: Zilda Lacerda
E. E. Prof. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)



Vitória


A maior vitória
Que uma pessoa pode ter
É a AMIZADE eterna
De outra pessoa
Que ama você.

Com palavras pequenas
Posso descrever
A pessoa pequena que sou, FISICAMENTE,
Com palavras grandes, posso descrever
A pessoa que sou
INTIMAMENTE.
Sei que não sou imortal...
Sou o bastante
Para ser
INESQUECÍVEL !

Aluna: Letícia.
E. E. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)


A abelha


Não sou como a abelha
Que vai de flor em flor
Pegando pólen sem se
Preocupar com as consequências...

Sou como a abelha-escaravelho
Que procura
A rosa perfeita...
E enclausura
Em seu seio

Fica com a rosa
Até a sua morte.
Ou passa a sua vida
Toda com ela
Amando-a e se Alimentando
Gota a gota...
Até a morte...

Hoje sinto saudades dela...


Aluno: Rodrigo Rafael de Souza
E. E. Alcides Carvalho (Polivalente)
(30/09/2010)


A vida passa...


Você os viu chegando?
Eles chegaram tão rápido
O tempo vem passando...
Seu 15º aniversário.

Elas chegaram depressa
Não me pediram permissão
Hoje não há nada para me dispersar
Nem chamar minha atenção

É difícil lhe deixar seguir
Sim, é difícil até imaginar
Eles parecem persistir
Você terá de aceitar

O anel pesa no dedo
Ele me deixa a pensar
Hora de deixar de lado os brinquedos
Crescer e logo mudar

Me mude tempo, me mude
Mas deixe a menina sobreviver
Saiba que mais que eu resista
Vou permanecer

Aluna: Aretha Magno Ramos Melo Gonzaga
E. E. Professor Alcides de Carvalho
(30/09/2010)


Fazendo um poema


Não sabes escrever um poema
Já é um poema
Então fale sobre o que sente e pronto
Esse é o meu dilema.

Fale sobre o que faz seu sentimento pular
Sobre o que ver, o que pegar, o que imaginar,
Eu vou falar dela que faz meu coração pular
Será de quem eu vou falar?

Vou falar da mãe? Namorada ou amante?
Mas tem que ser dela
Ela que não me deixa pensar em nada
Ela que prendeu meu coração, ela a mais bela.

Terminando o poema
Já falo que soltei meu coração
Mas é preciso falar
Que ele quis voltar para prisão
Será de quem eu vou falar?


Aluno: João José Lopes
E. E. Professor Plínio Ribeiro
(30/09/2010)


O Céu

O Céu - um lugar lindo
Com paisagens para se olhar
Com brinquedos para se brincar
No Céu só pode amar
E não odiar

No Céu eu quero entrar
Brincar nos lindos lugares
Quando morrer, quero ir para o Paraíso, como Dante.
E morar, para sempre,
Com o papai do Céu.

Aluno: Warlisson Mateus
E. E. Prof. Plínio Ribeiro
(30/09/2010)



30/09/2010.
B I O T E M A S
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DO CONCURSO LITERÁRIO
NOS ENTRELAÇOS DO VERSO
2010

1º LUGAR:
Aluna: Haynara Brandão
E.E.Prof. Plínio Ribeiro
Poema: Construindo um Poema


2º LUGAR
Aluno: Harrisson Leal
E. E. Plínio Ribeiro
Poema: Viajar... viajar...


3º LUGAR
Aluna: Aretha Magno Ramos Melo Gonzaga
E. E. Professor Alcides de Carvalho
Poema: A vida passa...



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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Seja muito bem-vindo neste espaço de Poesia!

Aqui, iremos postar textos críticos, literários, notícias, editais e poemas vencedores do FORUM de BIOTEMAS da Universidade Estadual de Montes Claros em parceria com Escolas Básicas de Montes Claros-MG.





IV CONCURSO LITERÁRIO NOS ENTRELAÇOS DO VERSO: 100 anos do nascimento de Rachel de Queiroz

Profa. Dra. Maria Generosa Ferreira Souto
Departamento de Comunicação e Letras da Unimontes




RESUMO: Tem este texto a intenção de apresentar o resultado do IV Concurso Literário/2010 “Nos Entrelaços do Verso”, homenageando a escritora brasileira, Rachel de Queiros, pelos cem anos do seu nascimento.


Palavras-chave: Concurso Literário; Literatura brasileira; Rachel de Queiroz.



Este simples tecido está dividido em dois tomos. No primeiro, tomamos como base o grande nome de Rachel de Queiroz. Já no segundo traremos a importância do Concurso Literário, em sua 4ª edição, como parte integrante do Fórum de Biotemas, diálogo da Universidade Estadual de Montes Claros com Escolas Estaduais de Montes Claros.
O Tema Central do Concurso 2010 não podia deixar de fora a rememoração dos 100 anos do nascimento de um nome grande da literatura brasileira: Rachel de Queiroz. Ela que em 17 de novembro de 2010, completaria 100 anos. Viveu quase 93 anos de muita lucidez e jovialidade. Uma autêntica romancista brasileira, portanto deixemos a escritora revelar-se por si mesma.
Tornou-se a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. Traduzida para diversos idiomas, tendo ainda livros adaptadas para o cinema e a televisão, Rachel de Queiroz obteve amplo reconhecimento por sua obra. Em 1989, a José Olympio Editora publicou sua "Obra Reunida", em cinco volumes. Em 1992 escreveu "Memorial de Maria Moura", romance que lhe trouxe diversos prêmios, entre eles o prestigiado Camões, dedicado ao melhor autor do ano em língua portuguesa. Aos 92 anos, dormindo em sua rede, morreu. Melhor lembrando o Guimarães Rosa: ela se encantou.
Até o século XX, as escritoras estiveram muito ausentes dos registros das consideradas grandes historiografias brasileiras. Nos compêndios de história literária, foram, em sua maioria, colocadas à margem pelos agentes que construíram o cânone. Apesar dessa lógica, surgiu na década de 1930 uma desbravadora a forçar passagem, cujas marcas não puderam deixar de ser percebidas: Rachel.

Rachel nos deixou um vasto tecido, como um cabedal de representações, em que a literatura, entendida como forma de representação social, fornece elementos importantes para a reconstrução de relações efetuadas em determinados períodos e espaços sociais. Senão, vejamos:

O Quinze (1930); Caminho de Pedras (1937); As Três Marias (1939); A Donzela e A Moura Morta (1948); Lampião (1953); A Beata Maria do Egito (1958); O Brasileiro Perplexo (1964); O menino mágico (1969); Dora, Doralina (1975); O Galo de Ouro (1985); Obra Reunida (1989); Memorial de Maria Moura (1992); As Terras Ásperas (1993). Colaborou como cronista para jornais e revistas e publicou uma série de traduções, de autores como Jane Austin, Balzac e Dostoievski.
Veja como pensava a romancista:
1. Invejo muito quem tem fé, que é um amparo e uma esperança.
2. Nunca procurei dar à minha obra um tom feminino.
3. Meu escritor preferido é Dostoievsky. E minha paixão Emily Brönte.
4. Sou uma solitária, que sempre se deu muito bem com a solidão.
5. Os jovens gostam muito de mim. Nem sei bem por quê.
6. A política só me interessa para ser contra. É muito bom.
7. Nasci em Fortaleza por acaso. Gosto mesmo é de Quixadá. O sertãozão.
8. Fiz muitos amigos na literatura. E um par de desafetos, também.
9. Manuel Bandeira disse que ninguém era tão Brasil quanto eu.
10. Nesta idade, cada dia vivido é uma etapa vencida. Vive-se o dia.
11. Não pareço os dias que tenho. Mas os joelhos me dizem o contrário.
Daí, vale ressaltar a importância de Rachel de Queiroz que, ao longo de suas publicações, exprimiu – explícita e implicitamente - essas distintas preocupações que rondaram o debate sobre a questão da nação brasileira. Lembramos, por exemplo, as representações em torno da relação urbano e rural, litoral e sertão, vida e morte. Ler e escrever. Criador e criatura.
O Concurso Literário está na sua quarta edição. Apresenta-se como objetivos despertar a criação literária nos estudantes do Ensino Fundamental e Médio, tendo em vista a poética de grandes escritores mineiros e brasileiros, e, ainda, incentivar a pesquisa sobre os escritores de Minas Gerais e do Brasil, do cânone e desantranhados dele.
Participaram do Concurso alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio das Escolas da Rede Pública Estadual. Com base na escolha da forma, do gênero textual, o trabalho poderia ser apresentado através de paródias, paráfrases, eruditos ou modernistas. Não havia necessidade de rimas e nem métricas. Apenas, deveria ser escrito em língua portuguesa e ter um título.
A premiação ocorreu em sessão solene no último dia do Fórum de Biotemas. Os alunos premiados receberam troféus, livros, brindes e medalhas de Honra do Mérito. Os vencedores são: 1º Lugar: “Construindo um Poema”, aluna Haynara Leal Brandão, da E.E.Prof. Plínio Ribeiro. 2º Lugar: “Viajar ...Viajar”, aluno Harrisson Leal, da E. E. Plínio Ribeiro. 3º Lugar: “A vida passa”, aluna Aretha Magno Ramos Melo Gonzaga, da E. E. Professor Alcides de Carvalho. A comissão examinadora tomou como critérios para avaliação: adequação ao tema proposto; coerência e clareza da exposição; expressão, imaginação e criatividade e, ainda, a coesão.
O resultado do concurso foi divulgado e publicado em painel na Escola Estadual Plínio Ribeiro. Encontra-se publicado no blog http://entrelacosdoverso.blogspot.com/
A importância de ler, escrever, criar, toma como base o que pensa Roland Barthes quando atribuiu à língua uma função maior que a simplesmente de comunicar. Viu na língua o "objeto em que se inscreve o poder", afirmando que "a linguagem é uma legislação" e "a língua é seu código". No dizer de Barthes, "não vemos o poder que reside na língua porque esquecemos que toda língua é uma classificação, e que toda classificação é opressiva". Diz ainda que a língua é fascista, pois não impede o sujeito de dizer, mas obriga-o a dizer. Barthes vê a língua como símbolo do poder e objeto de alienação humana. Para ele, a literatura é a única forma de trapacear a língua. Vejamos o que o escritor entende por literatura:
Entendo por literatura não um corpo ou uma seqüência de obras, nem mesmo um setor de comércio ou de ensino, mas o grafo complexo das pegadas de uma prática de escrever. Nela viso, portanto, essencialmente, o texto, isto é, o tecido dos significantes que constitui a obra, porque o texto é o próprio aflorar da língua, e porque é no interior da língua que a língua deve ser combatida, desviada: não pela mensagem de que ela é o instrumento, mas pelo jogo das palavras de que ela é o teatro. Posso, portanto, dizer, indiferentemente: literatura, escritura ou texto" (BARTHES, 2000, p.16).

Com esse trecho, percebe-se que Barthes encontra na literatura a liberdade necessária para a criação da língua, uma vez que a literatura é transgressão. E é com base nesse pensamento, que provocamos os alunos a criarem. Os seus textos e imagens nasceram da transgressão. Hoje, tem poder, nem que seja pouco, mas tem. As imagens transgressoras do eu se aproximam de modelos míticos e, na linguagem, encontram possibilidade de plena realização.

Enfim, ler é preciso. Criar é preciso, eis a questão.

BARTHES, Roland. O prazer do texto. Tradução: J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 1996.